NINGUÉM É SALVO POR ACREDITAR EM DEUS

O cristianismo chegou ao Brasil já no descobrimento territorial por parte dos portugueses em 1500. Enquanto a maioria dos povos conheceram o evangelho após séculos de História, o Brasil nasceu cristão, com as caravelas de Pedro Álvares Cabral. O frei franciscano Henrique de Coimbra, celebrou a primeira missa nas terras brasileiras, e a partir desse momento as raízes cristãs foram fixadas em nosso território, perdurando até os dias atuais.

Os jesuítas chegaram ao Brasil Colônia em 1549, liderados por Manuel da Nóbrega. Fundaram inúmeras missões jesuíticas em diferentes partes do território brasileiro e procuraram catequizar os nativos, tornando-os verdadeiros católicos.

Muitas cidades brasileiras foram construídas em torno de uma igreja. Há vários estados e cidades que levam nomes religiosos, demonstrando a devoção do povo; São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Belém, São Luís, São José do Rio Preto, São Salvador da Bahia – hoje, Salvador– , São Sebastião do Rio de Janeiro – hoje, Rio de Janeiro, entre outros.

Nosso povo é profundamente religioso. No passado era comum as crianças serem registradas com nome de algum santo.  A  sociedade  brasileira foi formada  sob  a  égide  do  Catolicismo. Os costumes conservadores do país, foram cravados primeiramente pelos missionários católicos. O povo  não  tem  formação  religiosa,  mas  tem  uma  enorme riqueza na religiosidade popular.

No dia 10 de março de 1577, em uma pequena ilha do Rio de Janeiro, no interior da Baía de Guanabara, conhecida atualmente como Ilha de Villegaignon, aconteceu o primeiro culto protestante na história do Brasil e das Américas, organizado por um grupo de pastores e missionários franceses. Cinquenta e sete anos depois da descoberta do Brasil, doze huguenotes (protestantes franceses), enviados por João Calvino na colonização francesa na Baía da Guanabara, oficiam um culto a Deus, segundo a liturgia cristã reformada.

O brasileiro acredita em Deus. Isto é inegável. O cristianismo é cultural em nosso país. Independente da religião, ou até mesmo, quem não é adepto de alguma, profere frases de cunho cristão no dia a dia. “Graças a Deus!”; “se Deus quiser!”; “Deus abençoe”; “Fé em Deus”; são exemplos dessas frases. Há quem nunca entrou em  um templo evangélico ou participou de uma missa, no entanto, acredita em Deus. Muitos acreditam por argumentos racionais. Apesar do Estado ser laico, o catolicismo é a religião oficial do Brasil. As cédulas de dinheiro carregam a mensagem: “Deus seja louvado.”

O catolicismo da ênfase à salvação pelas obras. O cumprimento dos sacramentos estabelecidos pela Igreja de Roma, é fundamental para quem desejar ir para o céu. Esse foi o ponto crucial para que o monge Martinho Lutero promovesse a reforma protestante. Porém, o ensinamento teológico impregnado pela igreja católica na mente da sociedade brasileira é que, acreditar em Deus, ser uma pessoa que pratica o bem, e cumprir as ordenanças da igreja, são suficientes para que o homem passe pelos portões celestiais. Os que não possuem religião, mas acreditam em Deus, entendem que o fato de serem boas pessoas as tornam dignas de um encontro com Deus. Algumas pessoas ao se referir a um falecido, costumam dizer: “que Deus o tenha em um bom lugar.”

A verdade que ninguém quer aceitar é que o inferno está cheio de pessoas boas, talvez na mesma proporção das pessoas más. Homens e mulheres que nesta terra fizeram o bem, foram piedosas, caridosas, gentis e honestas. Exemplos de vida para sociedade, mas que infelizmente não alcançaram a salvação. Acreditar em Deus não é  suficiente para que o homem alcance a justificação dos seus pecados. Acreditar em Deus não credencia ninguém à vida eterna. Nem tão pouco realizar boas obras. Isso é uma grande ilusão plantada no coração do homem.

Observe que as pessoas que caminham distante da verdade do evangelho colocam as boas pessoas no céu, mas, privam os que foram maus do perdão de Deus. Para essas pessoas um assassino não é merecedor do perdão de Deus. Para o homem natural isto é loucura. Ora, pela bíblia, tanto os bons, tanto os maus, estão destinados ao mesmo lugar. Aliás, todos nascem caminhando para o mesmo local após a morte. O céu não é consequência de uma vida ilibada, assim como o inferno não é resultado de uma vida corrupta. Não há um justo sequer (Rm 3.10), não há quem se justifique diante de Deus. Nossas obras não agradam a Deus, mesmo elas sendo boas.

Então, como explicar isso? Primeiramente precisamos compreender que a queda de Adão no Éden, trouxe a morte eterna para toda humanidade (Gn 3.7; Rm 5.12; 6.23). Por essa razão, todos estão destinados ao inferno. Seja ele bom, seja ele mau. Nascemos debaixo do poder do pecado (Sl 51.5), estamos destituídos da glória de Deus (Rm 3.23). À vista disso, o sangue de Cristo foi derramado na cruz, para todo que nele crê não morra eternamente, mas tenha vida eterna (Jo 3.16). O sangue de Jesus liberta e purifica o homem do pecado, e o salva ( Hb 9.22; 1Pe 1.19; Ap 22.14). Somente através do sacrifício de Cristo na cruz nos tornamos agradáveis aos olhos do Senhor. Cristo é a nossa propiciação (Hb 10.14; 1Jo 2.2).

Paulo na carta aos efésios afirma que a salvação não é por obras, mas pela graça, mediante a fé (Ef 2.8,9). Esse trecho da carta quebra o pensamento que as boas ações são capazes de salvar a alma do inferno, mostrando que não basta acreditar em Deus, é necessário ter fé para alcançar à graça. Graça é o favor imerecido de Deus. Não merecemos, somos miseráveis pecadores. No entanto, Deus manifesta o seu amor por nós através da sua graça. O homem é salvo pela graça, sem merecer. Nossos méritos não nos torna merecedores. No entanto, somente através da fé alcançamos a graça, e somos salvos.

Existe uma diferença entre acreditar e ter fé. Apesar de popularmente às duas palavras terem sentidos semelhantes, a bíblia coloca a fé como instrumento para graça. Se acreditar em Deus fosse suficiente, inúmeras pessoas poderiam ser salvas. Mas, não é sobre acreditar, é sobre ter fé. Ninguém é regenerado por acreditar. Porque somente a fé justifica o homem do pecado (Rm 3.28). Essa justificação nos torna justos aos olhos de Deus. Quando somos justificados, estamos livres da condenação do pecado. Por isso que não há condenação para quem esta em Cristo (Rm 8.1-2). Mesmo estando morto no pecado, é possível que o homem acredite na existência de Deus. Porém, ele não consegue compreender a verdade do evangelho se o Espírito não o vivificar (Jo 6.63; 1Co 2.12-14). Somente a fé gera a conversão (2Ts 2.13). Essa fé é um dom de Deus, não vem de nós (At 3.16; Ef 2.8). O autor da carta aos Hebreus diz que Cristo é o Autor e Consumador da fé (Hb 12.2). Somos incapazes de crer se o Espírito não produzir essa fé em nosso coração.

Por toda questão histórica o brasileiro já nasce acreditando em Deus. Mas, a fé que é capaz de justifica-lo, produzindo conversão, somente o Espírito pode gerar em seu coração. A pessoa acredita em Deus, mas não permite que Ele transforme a sua vida. Ela acredita em Deus, mas não se arrepende dos seus pecados. Ela acredita em Deus, mas não consegue se despojar dos prazeres da carne. Ela acredita em Deus, mas quer que Deus seja de acordo com suas ideias. Ela acredita em Deus, mas cria questões sobre a sua Palavra. Ninguém obedece a Palavra de Deus por acreditar nela, obedecemos pela fé. A fé cria em nós o desejo incondicional de se submeter a vontade de Deus. O homem acredita na existência do Ser Divino, porém, esse acreditar não o torna capaz de se sujeitar a vontade do Senhor. Quando o Espírito gera a fé em nosso interior, nos rendemos ao seu poder transformador. Acreditar em Deus não torna o homem livre do poder do pecado, apenas o Filho do Homem pode liberta-lo (Jo 8.36).

Ninguém será salvo por somente acreditar em Deus. Isso não é suficiente para  herdar a vida eterna. Somente a genuína fé, que liberta o homem do poder do pecado, e o regenera, habilita o homem a receber a graça de Deus, e o direito a vida eterna.

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