INGRATIDÃO, SOLIDÃO, DECEPÇÃO. FAZ PARTE

Na minha primeira defesa, ninguém apareceu para me apoiar; todos me abandonaram. Que isso não lhes cobrado.

2 Timóteo 4:16

O maior líder do cristianismo viveu seus últimos dias de vida sozinho, o homem que outrora estava rodeado de pessoas, no fim da vida amargava a solidão. Paulo enfrentou o abandono, a solidão, a ingratidão. Dedicou toda sua vida para cuidar das igrejas, protegendo as ovelhas dos falsos mestres. Passou privações, foi açoitado, preso, apedrejado, expulso de cidades, teve seu ministério contestado, passou por perigos nas suas viagens, naufragou. Preso, sem ninguém para lhe retribuir carinho, o apóstolo escreve a última carta para seu “filho na fé”. Suas últimas palavras foram para que o jovem pastor de Éfeso permanecesse a ensinar a sã doutrina independente das circunstâncias.

O abandono não significa que o ministério do apóstolo fracassou no final. Simplesmente revela a ingratidão que sempre estará presente no ministério de um homem de Deus. Liderar é não ser reconhecido em muitas fases da vida, é se doar para ajudar outro sem receber um obrigado. É estar ao mesmo tempo rodeado de irmãos que ao mesmo tempo estão distantes, é ver a ovelha comemorar sem te convidar, é ver em algum momento aquele que ajudou crescer homenagear outro, é conviver com o desprezo quando não se é mais útil , é ser cobrado sem ser lembrado, é ser esquecido não por todos mais por uma maioria.

Paulo é um modelo para todos os obreiros, seus últimos dias de vida serve de consolação para diversos líderes que enfrentam momentos de ingratidão. Ao invés de se lamentar ele declara com convicção que o Senhor não o abandonou e lhe fortaleceu (2Tm 4.17). Ainda assim, ele se lembra de Onesífero, homem que o alegrou, lhe reanimou, e não teve vergonha da sua prisão (2Tm 4.16). Verdadeiros amigos aparecem na adversidade, Deus sempre levantará um Onesífero para nos mostrar que a semeadura valeu a pena!

A frustração de um líder começa quando ele deixa de servir por amor, buscando reconhecimento. Sempre haverá alguém que vai decepcionar. Dez leprosos foram curados, somente um voltou para agradecer (Lc 17.17). Pessoas seguiram Jesus não pelo que era, mas pelo o que ele podia dar (Jo 6.26). Se o pastor não consegue entender que sua vida é servir, sem ser servido, seu ministério tende ao fracasso e a depressão pode se tornar uma parte do seu ser.

Paulo foi deixado de lado. Um dos discípulos do círculo íntimo de Jesus o negou. Líderes precisam estar prontos para serem deixados de lado. Ovelhas jamais entenderão que a espiritualidade não anula a humanidade, que a comunhão com Deus não torna o coração em aço. Eles dificilmente terão a percepção que todo pastor por mais forte que pareça, precisa de pessoas que o amam ao seu lado, precisam de um afago. Todo líder precisa aprender a vencer sua carência afetiva, não pode ser dominado pela emoção, precisam aprender a ser sua própria companhia.

O sucesso da liderança passa por isso, cuidar de todos, passar por cima da ingratidão, aprender a viver sozinho em alguns momentos, sem esquecer que Deus jamais o deixará sozinho e que sempre enviará um Onesífero para animá-lo. Paulo sabia que da prisão à guilhotina o Senhor foi sua principal companhia.

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